Fotografia: Acervo pessoal da entrevistada
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Ei, Mari! Primeiramente, agradeço muito o convite. Hoje me sinto no dever de compartilhar o que eu vivi para ajudar a preservar a integridade física e emocional de outras mulheres. Após muitas sessões de terapia com a minha querida terapeuta Natália Marotta, leitura e um mergulho intenso na minha dor, consegui dar um nome a ela, acolher, compreender e colocá-la no seu devido lugar.
Eu vivi uma violência obstétrica no meu primeiro parto e passei dois anos sem compreender o que realmente tinha acontecido. A dor do corpo permaneceu por longos 40 dias pós-parto (Francisco nasceu em 29/04/18), mas a dor na minha alma cicatrizou apenas no dia 14/09/2020, quando pari o meu segundo filho, experiência que vou relatar mais abaixo. Fico muito feliz que vocês estão trazendo à tona esse tema tão importante e que precisa ser dito para romper esse silêncio tão prejudicial às mulheres vítimas de VO.
Meu filho Francisco veio ao mundo em um parto tsunâmico. A bolsa rompeu às 02h30 e às 06h13 ele já estava em meus braços. Saímos de casa para a maternidade às pressas. As dores, que já estavam fortes, se intensificaram em função do medo e da insegurança que eu senti. Estudei pouco e não compreendia a fisiologia do parto. Fui desencorajada ao longo da minha primeira gestação a viver o parto normal. A cultura do medo esmaga as mulheres com todas as falas amedrontadoras sobre a dor do parto. Nos desmotiva e nos faz acreditar que não damos conta de vivenciá-la.
Chegamos na maternidade onde o médico que contratamos já me aguardava. Após o exame de toque, ele constatou que eu estava no período expulsivo. Meu corpo funcionava perfeitamente para trazer meu filho ao mundo, mas o desespero tomou conta de mim devido à minha falta de conhecimento e eu logo pedi anestesia. Fui atendida prontamente, assim que entramos no bloco cirúrgico. Sentei na maca, aplicaram a anestesia raquidiana e, logo em seguida, me deitei. Minhas pernas foram amarradas e eu já não sentia mais nada do quadril para baixo. Fui orientada pelo anestesista a fazer força e logo o médico visualizou a cabeça do meu bebê. Comunicou ao meu marido que ele não passaria. Desde o ultrassom morfológico ele já vinha me “preocupando” sobre o tamanho da cabeça do meu filho: “Será que vai passar?” E, infelizmente, nós acreditamos que isso seria um impedimento para o nascimento de forma natural.
Então, ele disse ao meu marido Fred que seria necessário cortar o meu períneo. Eu estava acordada e consciente, mas não fui perguntada se concordava com o procedimento. O meu marido também estava em êxtase assim como eu e mal conseguia prestar atenção no que o médico dizia. Ele fez um pique. A cabeça não saiu. Fez outro. Segundos se passaram e Francisco foi colocado imediatamente em meu colo, como eu havia pedido. Durante a gestação estudei pouco sobre as intervenções. Nunca imaginei que eu precisaria de uma episiotomia e, após chegar em casa com meu bebê no colo, desejei nunca ter passado por isso.
Fotografia: Acervo pessoal da entrevistada
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Eu passei longos dois anos sem compreender o que realmente havia acontecido naquele dia. O meu pós-parto foi horrível. Incômodos nos seios em função da descida do leite e dores intensas no meu períneo. Eu sentia muito desconforto ao sentar e deitar, situação que tornou o momento da amamentação angustiante. Ir ao banheiro era um tormento e até o meu andar foi impactado. Com o passar dos dias as dores se intensificaram. Me lembro de despertar nas madrugadas chorando pelo o que havia acontecido. Não somente pela dor física, mas também emocional. Fazia compressas geladas durante o dia e também nas madrugadas para amenizar os sintomas. Antes de amamentar eu precisava massagear meus seios, com apoio do Fred, que doíam cheias de leite. Ao mesmo tempo, fazia compressas geladas no períneo. Francisco chorava de um lado de fome, pois era necessário tirar um pouco do leite para ele conseguir mama, e eu do outro de dor. Me senti totalmente desconectada do meu corpo, o que me levou a uma desconexão também de mim mesma e do meu bebê. A dor física do corte que sofri intensificou o luto do pós-parto, já esperado em função da queda hormonal. Claro, tudo isso respingou no Francisco e também no meu marido. Eu não estava me sentindo bem para dar conta de acolher o meu filho.
Após o parto eu vivi longos meses de desconexão com o meu corpo, o que gerou consequências também em outras esferas da minha vida. Eu continuava acreditando que nada de errado havia acontecido e que o procedimento foi totalmente necessário para que o meu filho nascesse com saúde. A culpa era minha e do meu corpo. Eu não daria conta de expulsar o bebê, pois foi o que me fizeram acreditar. Por muito tempo eu dormi e acordei com dúvidas assombrando a minha mente. “E se o médico não tivesse cortado? E se eu tivesse dado conta? E se eu tivesse sentido meu filho nascer? E se eu não tivesse vivenciado essa dor? E se, e se, e se….”
Perguntas ficaram sem respostas por um bom tempo. A verdade é que a culpa nunca foi do meu corpo. O que aconteceu não foi normal. Por isso eu não conseguia simplesmente colocar um ponto final. A episiotomia se tornou um fantasma na minha vida e a dor se manifestou de várias formas. Assim como não dei conta de expulsar meu filho, eu também sentia que não dava conta de iniciar um novo projeto, de começar um trabalho novo, de vivenciar uma experiência diferente. Enfim, muitos sentimentos vieram à tona em função da minha falta de protagonismo e autonomia decorrentes da violência que havia sofrido.
Em janeiro de 2020 engravidei do Benício. Com a barriga, veio também um sintoma inesperado: incontinência urinária. Eu comecei a espirrar, fazer vômitos e ter escapes de urina. Fiquei desorientada. Com isso, o incômodo da episiotomia voltou mais forte. Em um sessão de terapia, chorei como nunca havia chorado antes. Naquele momento eu compreendi o que vivi em 2018. Meu incômodo ganhou nome, eu consegui organizar meus sentimentos e entender que a culpa pelo procedimento não foi minha. Eu fui privada de viver o meu parto. Hoje eu também me autorresponsabilizo por ter entregado meu parto nas mãos do médico. Eu poderia ter buscado mais informações, ter feito meu plano de parto e ter sido a protagonista dessa experiência. Mas não tomei as rédeas da situação. Não me culpo mais, pois entendi que eu fiz o que dei conta na época.
Importante dizer que não tenho sentimentos ruins pelo médico. Ele fez o que aprendeu na faculdade e adota como rotina nos partos que assiste. Infelizmente, a episiotomia, assim como outras intervenções desnecessárias e violentas, ainda são executadas por muitos médicos obstetras no Brasil. Felizmente o cenário está em franca transformação.
Compreender o que eu vivi foi importante para despertar em mim autoconfiança e segurança para viver meu segundo parto de forma natural. Outros acontecimentos no parto do Francisco contribuíram para despertar em mim uma fúria enorme e vontade de fazer diferente, como a frase que escutei: “nem gritou, mãezinha”.
A minha necessidade de viver um parto onde eu pudesse ter liberdade para me movimentar, gritar, entender sobre as intervenções e ser respeitada nas minhas vontades nos motivou a escolher pelo parto domiciliar.
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Eu já sabia o que não queria viver de forma ALGUMA. Ter ao meu lado uma equipe médica desatualizada e que tiraria o meu protagonismo e liberdade. Conheci uma médica humanizada, a Dra. Caroline Reis, da Âmago, que me orientou da melhor forma desde a primeira consulta do pré-natal. Começamos, eu e meu marido, a estudar o livro Parto Ativo, da Janet Balaskas, que explica sobre a fisiologia do parto. Super recomendo a leitura por toda gestante e companheiro ou companheira.
Mesmo com uma excelente profissional ao nosso lado, eu ainda não me sentia nada confortável em ter o meu filho no hospital. O parto do Francisco foi super rápido e eu acreditava que o segundo seria tão ou mais rápido quanto. Pensar na possibilidade de sair às pressas de casa para ir ao hospital, ser atendida por um plantonista (caso minha médica não chegasse a tempo) e ser obrigada a deitar na maca no bloco cirúrgico, sem liberdade para me movimentar, e sofrer diversas intervenções, me causava pavor e muita insegurança.
Estudamos sobre a fisiologia do parto, as alterações hormonais, melhores posições para parir e o preparo do ambiente para que o parto aconteça de forma tranquila e segura. Todo esse conhecimento nos deixou apaixonados pela natureza e nos motivou a ter o nosso bebê no aconchego do nosso lar. Queríamos tornar esse ritual de chegada do Benício o mais calmo, acolhedor, tranquilo e humanizado possível. Acredito muito que o nosso filho também desejou chegar ao mundo dessa forma. Além disso, desejávamos que o Francisco, nosso filho mais velho, participasse desse momento. Acreditamos que o parto é um evento familiar.
Com 24 semanas iniciamos o pré-natal com os enfermeiros obstetras da Equipe Bom Parto, profissionais capacitados e autorizados a realizar parto domiciliar. Continuamos também com as consultas mensais com Dra. Carol, que incentivou nossa escolha pelo parto domiciliar e também nos orientou da melhor forma. Estávamos bem orientados pelos profissionais. Além disso, conversei com mães que tiveram partos domiciliares e li muitos relatos de parto. Junto ao meu marido, assisti vídeos de partos domiciliares e documentários.
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Estude sobre a fisiologia do parto, sobre o cenário obstétrico no Brasil e busque por profissionais humanizados. Não entregue o seu parto nas mãos do médico ou médica. Tome as rédeas dele. Não estamos falando somente sobre o nascimento do seu filho ou filha, e sim sobre a sua integridade física e emocional. Infelizmente, estamos descuidadas em plantões de muitos hospitais. Busque uma equipe que vá te respeitar, acolher seus medos e te orientar da melhor forma possível com base em evidências científicas atuais. Parto humanizado não é sobre ser vaginal ou cesárea, com anestesia ou sem, é sobre ter respeito, acolhimento e segurança. Leia sobre todas as intervenções que existem e faça o seu plano de parto. Precisamos ser protagonistas deste momento que é tão marcante, profundo e intenso na vida de toda mulher. Temos, em Belo Horizonte, a maternidade 100% SUS Sofia Feldman, que é referência em humanização.
Recomendo não escutar o que a cultura do medo diz sobre a dor do parto. Eu acredito que o trabalho de parto começa quando engravidamos. Durante os nove meses, somos convidadas a todo momento, seja de forma intuitiva ou por meio das situações vivenciadas, a mergulhar em nosso íntimo e encarar nossas dores, medos e angústias para dar próximos passos. Ao invés de passar os nove meses preocupada com a dor do parto, use esse tempo para se preparar para vivenciá-la de forma consciente, caso deseje ter um parto natural. Durante a minha gestação, fui convidada a me curar de diversas formas. Recebi de presente do universo um livro que se chama “Quando o corpo consente”, das autoras Marie Bertherat, Thérèse Bertherat e Paule Brung. A informação que me tocou, e eu acredito que era a que eu precisava ler, estava ao final.
“Não é a contração que dói. É a dor que trazemos dentro de nós, oculta. O que a contração revela é o sofrimento da própria pessoa. No início do trabalho de parto, vejo as mulheres lutando consigo mesmas. Elas se debatem com a contração. Só quando conseguem entrar em contato com o sofrimento que trazem em si, é que elas se entregam e a dor diminui. Só quando se reconhece que o sofrimento faz parte de nós, que está em nós, tudo volta à serenidade”
O livro me trouxe um novo olhar para a dor do parto, além de outras leituras que eu fiz. Eu consegui ressignificá-la. Me apoiei em informações que me fizeram acreditar que eu daria conta. Perto da grandeza que é parir um ser humano, a dor representa o tamanho da própria palavra. É pequena. Passageira. Necessária. O maternar já traz à tona muitas de nossas dores. Eu acredito que o parto nos prepara para ser a mãe que precisamos ser para os nossos filhos e a intensidade dessa experiência é vivenciada de forma diferente por cada mulher.
Aprendi que parto é 90% mente e 10% corpo. Por isso, te convido a cuidar da sua saúde mental com meditações e leituras edificantes. Exercite a fala, colocando pra fora tudo aquilo que não está te fazendo bem. À medida que abrimos a garganta, também abrimos a nossa vagina para a passagem do bebê. Portanto, é importante conservar o maxilar relaxado para deixar a voz sair no trabalho de parto.
Acredite nas suas vontades instintivas, escute sua intuição e deixe o racional de lado. Esse é um convite que a natureza nos faz durante os nove meses em que sentimos o coração do nosso bebê bater em nosso corpo para, então, vivermos a travessia do parto, que é uma experiência totalmente instintiva. Aprenda a respirar de forma consciente, escutar o seu corpo e respeitar todos os limites que a gravidez impõe. Na hora do parto, essas lições serão valiosas para trazer seu bebê ao mundo.
Outra dica é ler relatos de partos, assistir vídeos e conversar com outras mães. A gente se empodera ao conhecer experiências positivas. Nossa força é ainda maior quando nos unimos a outras mulheres. Durante o meu trabalho de parto ativo, muitas afirmações de força e estímulo de outras mulheres vieram à mente. Acredite em você. Todas nós somos capazes!
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Antes da minha primeira experiência de parto eu desejaria ter conhecido sobre a fisiologia do parto, estudado sobre as intervenções possíveis e ter tomado as rédeas desse processo. Eu gostaria de ter compreendido a grandeza que é parir e ter tido mais autonomia para viver essa experiência de forma consciente.
O meu segundo parto foi maravilhoso. Um presente do universo. Melhor do que eu poderia imaginar nos meus sonhos. Eu pari o Benício em uma manhã linda de segunda-feira. O ambiente estava silencioso e acolhedor. Os enfermeiros obstetras, Walter Guimarães e Nelci Muller, apenas assistiram a esse evento, sem interferir em absolutamente nada. Assim que nasceu, Benício foi amparado pelo pai e colocado imediatamente no meu colo. Mamou na primeira hora de vida. Ficamos pele a pele, aconchegados, por mais de duas horas. Depois eu e ele fomos avaliados pela equipe. Tudo aconteceu de forma tranquila, respeitosa e amorosa.
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Sim, eu me curei! Depois que descobri que estava com incontinência urinária na gestação do Benício, eu entrei em contato com a Mariana Alvarenga, fisioterapeuta pélvica, que também havia atendido uma amiga minha. Após sofrer a episiotomia no parto do Francisco eu não fui orientada a buscar um tratamento adequado e também não sabia que existia essa especialidade. Sentia muito medo de não conseguir ter um expulsivo natural e, novamente, machucar a região. Durante os nove meses fiz pilates e exercícios específicos para a minha musculatura pélvica. Aprendi a ter mais consciência corporal e a respeitar os meus limites. Fiz duas sessões de epi-no, aparelho que simula a cabeça do bebê para treinar o assoalho pélvico da vagina. Também fiz massagem perineal com a ajuda do meu marido. Tive muita disciplina para colocar em prática todos os exercícios propostos. Decretamos eu, meu marido e Mariana, que eu sairia dessa experiência com meu períneo íntegro. Além disso, me fortaleci com meditações do Gentlebirth, programa de mindfulness para gestante, nas sessões de terapia, leituras, vídeos e terapias alternativas, como florais feitos pelas mãos carinhosas da minha amiga Milena e reiki à distância com a terapeuta e amiga Telma Maciel, da Shima Bem Equilíbrio. Montei um altar em meu quarto para me fortalecer energeticamente com afirmações positivas, imagens, fotos das mulheres guerreiras que vieram antes de mim e objetos significativos, com apoio das minhas amigas Dalila Soares e Milena Magalhães dA Conexão Materna (@aconexaomaterna), projeto (rede de apoio materna) que sou co-idealizadora.
Os pródromos do meu trabalho de parto duraram um pouco mais de uma semana. Perdi tampão, senti cólicas e tive diarreias. Na noite do dia 13/09 para 14/09, eu comecei a sentir contrações não ritmadas e muita cólica. Avisei à enfermeira obstetra, Natália Ribeiro, que me disse para deitar e descansar. Acordei com uma mensagem da outra enfermeira obstetra, Paula Rocha, às 05h55, e me dei conta de que não consegui entrar em sono profundo nessa noite. Em compensação, a natureza é tão perfeita que eu tirei uma soneca longa na tarde de domingo, como nunca havia feito antes, já pedindo descanso ao meu corpo que estava guardando energia para o parto. Às 6h do dia 14/09 pedi ao meu marido para encher a banheira. Queria entrar na água para aliviar minhas cólicas e, meia hora depois, já estava em trabalho de parto ativo com contrações ritmadas.
Tenho a sensação de que meu período expulsivo durou um pouco mais de uma hora. A bolsa rompeu minutos antes do Benício nascer, o que contribuiu para que TP acontecesse de forma mais tranquila e suave, como eu tanto desejei. Benício nasceu devagar, no tempo dele. Ele desceu lentamente e alongou meu períneo aos poucos, no ritmo do meu corpo, preparando a minha musculatura pélvica para que a passagem dele não me machucasse. Com todo respeito e carinho do mundo. O que me emociona profundamente. Estávamos, ali, nós dois respeitando um ao outro.
A cabeça dele passou aos poucos e a região se alongou de forma natural e saudável. As contrações vinham e eu sentia cada vez mais vontade de fazer força. Quando o meu corpo já estava pronto para a passagem do meu bebê, eu senti uma imensa vontade de fazer força, a cabeça saiu mais um pouco e a bolsa estourou. Logo após, a cabecinha nasceu. Ele ainda ficou imerso na água por alguns minutos até o seu corpo deslizar. Foi amparado pelo pai e colocado imediatamente no meu colo, às 08h16. Ficamos alguns minutos na banheira e depois fomos para a cama. Esperamos o nascimento da placenta de forma natural e o enfermeiro Walter examinou meu períneo. O tão sonhado diagnóstico encheu meus olhos de lágrimas: períneo íntegro! Não me contive de felicidade. Meu marido vibrou, a minha fisioterapeuta comemorou e eu chorei de emoção. Depois de ter o meu períneo cortado por me fazerem acreditar que eu não daria conta de expulsar meu bebê, me empenhei nos cuidados e na busca por informações de qualidade para viver uma outra experiência. Consegui superar o trauma da episiotomia em um parto lindo na banheira da minha casa, de forma natural com um expulsivo calmo, tranquilo, saudável e respeitoso. Que vitória! A minha experiência positiva de parto está contribuindo para um pós-parto mais leve e conectado comigo e com meu bebê.
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia
Karen Louise Guy Dias
Jornalista, mãe e co-idealizadora do @aconexaomaterna
Acredito que a melhor forma de impedir que outras mulheres vivam experiências violentas no parto é trazer esse assunto à tona, em todos os ambientes por onde a gente for. Ele não pode ser um tabu.
É importante que todas saibam seus direitos e exijam eles. Para isso, precisamos empoderar umas às outras, principalmente as gestantes. Ter empatia e cuidado na forma de abordar uma mulher vítima de VO também é essencial.
Para além de trazer um bebê saudável ao mundo, é importante também garantir que a experiência de parto da mulher seja positiva. Nenhuma mãe pode ser privada de viver com total protagonismo esse acontecimento tão profundo e potente.
Fotografia: Jéssica Hanna Fotografia