Este post foi construído em parceria entre Mari e Clara.

Para falarmos sobre os movimentos feministas no Brasil, um ponto importante é relembrarmos o que é o conceito mais básico de feminismo e onde ele nasceu. O feminismo tem como berço a Revolução Francesa, em que surgiu como uma luta organizada de mulheres pela igualdade de direitos e deveres em relação aos homens. 

Desde então, as reivindicações do movimento foram mudando e se moldando em diferentes vertentes, mas todas elas possuem um ponto em comum: a equidade de gêneros.

No Brasil, a Ditadura Militar (1964 a 1985) pode ser considerada um ponto de renascimento da força da luta feminista no país, que ressurgiu com o objetivo de enfrentar as consequências da forte supressão de direitos individuais do regime militar que exacerbaram as desigualdades de gênero.

Segundo alguns historiadores foram TRÊS fatores principais e possibilitaram a eclosão do movimento feminista no Brasil nas décadas de 70 e 80: 

O movimento feminista brasileiro se iniciou nas camadas médias da sociedade. Eram mulheres intelectualizadas e elas se autodenominavam “movimento de mulheres”. Eram movimentos de bairros, pequenas associações que foram crescendo e expandindo permitindo então uma comunicação entre classes e outros grupos sociais. 

Anos 80

Em 1979 com o INÍCIO DO FIM DA DITADURA MILITAR e a ANISTIA DOS EXILADOS, houve o encontro das feministas exiladas, que trouxeram a experiência do exterior (aquelas que puderam ter trocas), com as feministas que ficaram no Brasil e construíram um feminismo local. Esse encontro foi transformador. 

“Nos anos 1980 o movimento de mulheres no Brasil era uma força política e social consolidada. Explicitou-se um discurso feminista em que estavam em jogo as relações de gênero.”

Diante disso, os chamados de “movimento de mulheres” se alastraram pelo Brasil como uma força social e política e se consolidaram em diversos espaços.

Nesse mesmo período, o movimento feminista começou a participar de associações profissionais, partidos e sindicatos. 

Muitos grupos feministas iniciaram uma atuação mais especializada e profissional, sendo que alguns deles se tornaram ONGs e foi nesse momento que houve uma busca por influenciar as políticas públicas. 

Em 1988, foi finalmente vislumbrado o saldo positivo de todo esse processo: a alteração do lugar da mulher na Constituição Federal de 1988, que extinguiu a tutela masculina na sociedade conjugal.

O movimento “Quem Ama Não Mata”, foi criado em Belo Horizonte em agosto de 1980.

As mortes de Eloísa Ballesteros (julho de 1980) e Maria Regina Souza Rocha (agosto de 1980), que foram assassinadas pelos maridos, fomentaram o ato que reuniu cerca de 400 mulheres na escadaria da Igreja São José, em Belo Horizonte em agosto de 1980. 

Esse foi um dos grupos que marcaram e pressionaram o segundo julgamento do Doca Street, em 1981. 

Jornais Brasil Mulher e Nós mulheres, os primeiros jornais femininos. 

Em 1975 surgiu o primeiro jornal dirigido e feito por mulheres: o Brasil Mulher, que era publicado pela Sociedade Brasil Mulher. O segundo jornal, Nós Mulheres, era publicado pela Associação de Mulheres, e circulo de 1976 a 1978.

“O fato de estarem vinculados a uma associação já mostra que esses jornais eram instrumentos de divulgação de coletivos de mulheres organizadas e, como tal, davam cobertura a assuntos não veiculados pela imprensa oficial, na época sob forte censura política, refletindo o pensamento político da militância feminista.”

Capa do jornal Brasil Mulher – Acervo reprodução

Fontes de pesquisa: 

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2003000100014

SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Revista Estudos Feministas: Florianópolis, 2004.

https://www.camara.leg.br/internet/agencia/infograficos-html5/constituinte/index.html

Acervo Estado de Minas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *